Por Jessica Abbad - Repórter de Política
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Pronto a novela acabou, voltemos as nossas vidas
Nada, ou poucas coisas, conseguem mobilizar tanta gente quanto o final de uma novela.
O mensalão pode rolar, os políticos podem ser desonestos, as pessoas podem morrer esperando atendimento médico, a educação pode estar precária, nenhuma dessas pautas dá tanta audiência e leva tanta gente para frente de uma TV como a história de pessoas que na verdade nem existem.
Na última sexta-feira o Brasil parou para assistir o último capítulo da novela “Avenida Brasil”. Nas casas, nas ruas, nos bares da esquina, todas as televisões estavam sintonizadas na maior emissora do país. Nem parecia sexta-feira, dia do famoso happy hour com a galera, da balada, nada disso, o assunto mais tratado nas rodas de conversas era quem tinha matado o Max, até os que nunca assistiram à novela entraram em bolões e ficaram curiosos para descobrir quem era o assassino da vez.
Diante de tanta mobilização vem à pergunta: porque uma história fictícia da bem mais ibope do à realidade? Eu, sinceramente, ainda não consegui entender.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Vida de Jornalista
Era quinta-feira, dia 11, 16 h, quando o telefone da redação do jornal tocou.
Um dos nossos contatos passou a informação de que estaria tendo um assalto em Ouro Fino Paulista, Ribeirão Pires.
Normalmente eu me certifico das informações antes de pegar o carro do Jornal, e correr até o local.
Nesse mesmo tempo, o telefone tocou novamente informando que um grave acidente de carro aconteceu no Parque Aliança.
Com dois casos acontecendo simultaneamente, e a vontade de cobri-los em um estalar de dedos, me dirigi até o Parque Aliança, comecei a fotografar os veículos que haviam se colidido, e pegar informações sobre vitimas e como tudo aconteceu.
Quando estava perto de terminar, eis que me toca o celular, dizendo: “Túlio, já saí de Ouro Fino, o preso está no carro da polícia em direção a delegacia de Ribeirão Pires”. Para um jornalista que cobre matérias policiais, o grande barato, é chegar poucos depois do fato e conseguir fotografar primeiro que todo mundo.
Foi o que fiz!
Cheguei a tempo do bandido sair de dentro do camburão.
Fui para a redação com tudo já na cabeça e fiz a matéria que vocês podem ler aqui.
Que pena, não posso mais falar... só tendo direito a 1000 toques nesse relato.
As escolhas foram feitas, mas foram as melhores?
A correria começou em julho, ou melhor, a propaganda eleitoral começou em julho, nas ruas só se via placas e panfletos de candidatos, nas rodinhas de conversa vire e mexe o assunto também era política.
Alberto Ticianelli, Dedé da Folha, Maria Inês, Saulo Benevides, Claudinho da Geladeira, Gabriel Maranhão, Luiz Internet e Nilson do Mercado (substituído pelo filho Nilsinho do Mercado) e ainda os candidatos a vereador foram às ruas, em busca do voto do eleitor, e junto com eles propostas e promessas. Alguns, inclusive, “brigaram” bastante também e aí, mais uma vez, em muitos momentos, eles “esqueceram” de mostrar as propostas e preferiram atacar os adversários. Conclusão: outra vez o eleitor saiu perdendo.
Durante os quase 90 dias de campanha se ouviu jingles de tudo quanto foi estilo, os candidatos não mediram esforços para serem eleitos, alguns inclusive investiram bastante nas suas campanhas.
Tudo isso acabou, o saldo ainda não se sabe se foi positivo ou negativo, vamos ter que esperar até o ano que vem para descobrir. O que se sabe que foi muito negativo foram os “santinhos” espalhados pelas ruas.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Do lado de cá
Cobrir a Copa Sejel foi uma experiência diferente, acompanhando sempre os campeonatos da cidade eu tinha a impressão que seria a mesma coisa. Chegaria lá, ficaria olhando as crianças correndo de um lado para o outro, a bagunça se montando em meio a tantos times e jogos simultâneos, mas não. Experimentei a sensação de olhar nos olhos de alguns meninos, e ver a vontade e alegria com que participavam de cada partida.
Identifiquei-me, porque eu também sentia a mesma coisa só que como repórter. Mesmo levantando cedo no sábado para entrevistar aquela molecadinha, eu percebi o quanto gosto do que faço. E cada entrevista que fiz teve sua particularidade como um menininho que não me recordo o nome, mas a frase que ele soltou na primeira pergunta ficou na minha cabeça.
“Qual a sensação de fazer o gol da vitória? Perguntei.” E a resposta não poderia ser melhor: “É muito bom, ver a torcida gritando seu nome”.
E então eu me virei para torcida e tinha meia dúzia de gatos pingados, sai rindo e contei a história para todos do jornal que estavam no campo comigo.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
O ataque das formigas
Para quem acha que Jornalismo é ficar sentado na frente de um computador, apenas escrevendo sem correr riscos, aqui está a prova do que a equipe de redação passa para levar ao leitor a melhor notícia. Durante a busca por uma foto de capa para a edição, formigas atacaram nosso repórter enquanto ele fotografa distraidamente. Isso mesmo, os insetos começaram a subir pelas pernas do repórter, que sem perceber chegou a entrar no carro antes de ver coordenado ataque. O ato despertou risos do editor, que ao invés de ajuda-lo prontamente, pegou a câmera e registrou o desespero da vítima.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Entrevista com Ademir Miranda, o Brinquinho
Equipe no estacionamento da prefeitura de Santo André, aguardando o retorno de Brinquinho |
Foi na sexta-feira (27) que a surpresa chegou à redação em forma de uma ligação telefônica. Ademir Miranda, o Brinquinho, acusado de participar do assassinato do ex-prefeito de Rio Grande da Serra, José Carlos Arruda, o Carlão, estava solto e queria dar uma entrevista exclusiva à Folha. Uma pauta dessa não caí todo dia no colo de um jornalista. A entrevista ficou marcada então para a segunda-feira, as 9h na redação do jornal.
Logo pela manhã entramos em contato com Brinquinho para confirmar a entrevista e tivemos o primeiro imprevisto. Relatando estar correndo risco de vida, Brinquinho se nega a ir à redação e pede que a equipe vá ao seu encontro. Sem hesitar, entramos em um veículo do jornal com um fotógrafo, que logo se transformou em motorista, um cinegrafista e o jornalista e logo fomos ao encontro dele, em uma rua próxima ao Fórum de Ribeirão Pires.
Com uma calça bege, boné e uma aparência abatida e pálida, Brinquinho foi logo reconhecido pela equipe quando chegou ao local.
Ao entrar no veículo, mais um entrave apareceu. O acusado disse que não falaria às câmeras e que não seria fotografado. Pediu também para que a entrevista acontecesse a caminho de Santo André, em um local onde pegaria alguns documentos importantes sobre o processo para comprovar a sua inocência.
No caminho Ademir Miranda contou com detalhes sua visão sobre toda a polêmica que chocou a região. Declarou-se inocente de todas as acusações e apontou possíveis culpados e inocentes.
Ao chegar ao local apontado, Brinquinho pediu para que a equipe espera-se dentro do veículo. Ele iria até um local onde iria retirar os importantes documentos a serem mostrados ao jornalista mais tarde.
Horas se passaram e Brinquinho não aparecia. O medo de uma possível perda do inédito material juntava-se pouco a pouco com a fome e o cansaço.
Foi aí então que, ao longe, Brinquinho apontou. A passos largos e rápido, e com os papéis nas mãos, Brinquinho caminhou rapidamente até o carro de reportagem.
Logo que entrou, Brinquinho mudou sua opinião sobre as fotos e as filmagens. Para a nossa sorte.
Após fotografar-lo enquanto conversava com o jornalista, o fotógrafo começou o caminho de volta para Ribeirão Pires. Ficou decidido então que Brinquinho faria a entrevista durante o percurso, mas que ficaria em Mauá para ir até o seu advogado.
O agora então motorista conduziu o veículo pelas sempre tão movimentadas vias com o máximo de cautela possível: Qualquer movimento brusco colocaria a qualidade da gravação em risco. O cinegrafista por sua vez viveu momentos de tensão. Como gravar uma importante entrevista dentro de um carro em movimento, e com tantas variações de iluminação e velocidade? Achamos que nem ele sabia, mas o fez e com maestria.
Já o jornalista tinha nas costas sem dúvidas o maior fardo. Entrevistar um importante elemento de um caso tão fomentado como esse é alvo de 11 entre 10 jornalistas. O fato do carro ir vagarosamente também ajudou, mas pode ter atrapalhado sua vida. Quanto mais demorava, mais ele tinha o que perguntar para Brinquinho. A cada questionamento, o acusado respondia sempre com variações de tonalidade, o que deixava ainda mais toda a equipe envolvida na trama. Por fim chegamos à Mauá, local onde Brinquinho saltou e prometeu lutar por sua liberdade enquanto estiver sob proteção do hábeas corpus concedido pelo tribunal. Reportagem concluída.
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